A REVOLUÇÃO FRANCESA E O TRIBUNAL DE CONTAS

Em julho de 2009 completaram-se 220 anos de uma profunda e grande mudança na história da humanidade: a Revolução Francesa. Em 1789, a burguesia e os camponeses franceses tomavam a Bastilha, prisão que simbolizava o despotismo da monarquia em Paris. O povo demolindo a Bastilha assinalava a inauguração de uma era, um período em que não se aceitaria mais um sistema de privilégios baseado em critérios de origem e riqueza. O lema da revolução, "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité) universalizou-se, tornando-se uma bandeira para todos os homens de bem.

Aqueles ventos de mudança chegaram ao Brasil na ação do também revolucionário Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. O maior herói das Minas Gerais foi morto em 1792 por defender os mesmos ideais de liberdade vindos do velho continente.

Com esse espírito apresentei aos Deputados mineiros minha candidatura ao cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. A indicação de um técnico para o cargo de juiz de contas públicas entraria para a história da Assembleia, do Tribunal, de Minas e do Brasil como o dia em que os Parlamentares mineiros quebraram os paradigmas do passado e, numa atitude ousada e consciente, fizeram uma indicação não baseada em critérios exclusivamente políticos.
Mas não foi assim. Como já aconteceu antes, quando o mesmo fato existiu, um político foi o escolhido. O indicado, através de voto secreto dos próprios deputados, foi um colega parlamentar.

O que me move nessa disputa não é o poder, a vaidade, o dinheiro e as regalias de abusos adquiridos. O que me motiva são os mesmos ideais libertários do passado. Nossa gente merece um Tribunal de Contas que dignifique o seu nome. Uma Corte que seja objeto de orgulho do povo mineiro, só alcançado através de uma atuação justa, serena, imparcial, séria, transparente, eficiente e eficaz.

É difícil mudar um paradigma de indicação? Reconheço que sim. Para mudar, é preciso ter arrojo para dar o primeiro passo e ainda não foi dessa vez que a Assembleia Legislativa inovou.

Esperemos que no futuro, os ares da Revolução Francesa penetrem nos corações e nas mentes de nossos nobres deputados.

Alexandre Bossi Queiroz - Contador e Administrador, Doutor em Contabilidade e Finanças, Professor Universitário e Consultor concursado da área de Fiscalização Financeira da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

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